Mascote e Marketing Sustentável
- Claudio Luiz Ariani Fontes
- 8 de jul. de 2021
- 3 min de leitura
Atualizado: 8 de nov. de 2024
A Expressividade das Mascotes nas Relações de Consumo Consciente na Contemporaneidade.

No final do século XIX e início do XX, a sociedade vivenciou um período de transformações intensas, impulsionadas pela Revolução Industrial e pelo aumento da oferta de produtos e serviços. O consumismo emergiu com força, e as empresas começaram a compreender que não era suficiente apenas comercializar produtos: era imperativo entender e se adaptar a um público cada vez mais interessado e exigente. Com o avanço da tecnologia, a conectividade e o comportamento dinâmico do consumidor tornaram inevitável a necessidade de reformular estratégias de comunicação e marketing (Thompson, 1998; Kottler; Kartajaya; Setiawan, 2017).
Atualmente, encontramos um cenário ainda mais complexo, no qual o consumo consciente e a sustentabilidade ganham destaque. Os consumidores buscam marcas que compartilhem seus valores e que demonstrem uma preocupação genuína com o meio ambiente e a sociedade. Nesse contexto, a construção de uma conexão emocional entre a marca e o público é essencial. De acordo com Caufield (2012), o consumo exacerbado deu lugar a escolhas mais criteriosas e conscientes, nas quais o vínculo entre o consumidor e a marca assume um valor simbólico.
Uma das estratégias eficazes para fortalecer essa conexão é o desenvolvimento de mascotes para as marcas. Mais do que meros personagens simpáticos, os mascotes podem representar os valores da empresa e criar um elo emocional com o público e atuam como a "cara" da marca. Uma mascote bem elaborada não apenas atrai a atenção, mas também reforça a identidade corporativa, transmitindo mensagens de forma lúdica e envolvente, além de servir como porta-voz de ações de sustentabilidade e consumo consciente.
Mascotes que simbolizam responsabilidade e respeito pelo meio ambiente contribuem para posicionar a marca como um agente de transformação positiva. Elas possuem o poder de tornar conceitos de sustentabilidade mais acessíveis e memoráveis, engajando o público em causas que vão além do consumo e promovendo uma relação de confiança e afinidade. No mundo contemporâneo, onde o consumidor valoriza experiências e conexões autênticas, uma mascote alinhada a esses valores pode representar um diferencial significativo para empresas que desejam destacar-se no mercado (Caufield, 2012).
Um exemplo claro de como mascotes podem representar valores e engajar o público em mensagens de sustentabilidade e consciência é o das mascotes das Olimpíadas de 2016, realizadas no Brasil: Vinicius e Tom. Inspirados na rica biodiversidade brasileira, Vinicius (mascote dos Jogos Olímpicos) e Tom (mascote dos Jogos Paralímpicos) foram desenvolvidos com o propósito de simbolizar a alegria, a diversidade e a natureza do Brasil. Além de proporcionar entretenimento, esses personagens comunicavam conceitos de sustentabilidade e preservação ambiental, temas centrais nas Olimpíadas daquele ano.
Vinicius, por exemplo, era uma amalgama de diferentes animais da fauna brasileira, representando a força da biodiversidade nacional e a importância de sua preservação. Por sua vez, Tom, inspirado na flora nativa, simbolizava o cuidado e o respeito pelo meio ambiente. Essas mascotes não apenas cumpriram a função de entreter e representar o evento de maneira visualmente atraente, mas também transmitiram uma mensagem de respeito à natureza e à diversidade, valores que se alinham com o consumo consciente e a sustentabilidade.
Vale ressaltar que esses personagens transcenderam o marketing convencional, tornando-se símbolos da cultura brasileira e das metas de preservação ambiental, além de deixar um legado de conscientização para gerações futuras. A escolha de mascotes como Vinicius e Tom para representar um evento de tal envergadura evidencia o potencial que esses personagens têm em campanhas de marketing, especialmente quando articulados com temas de responsabilidade social e ambiental.
Referências:
CAUFIELD, K. Analyzing the effects of brand mascots on social media: Johnson City Power Board case study. [S.l.]: East Tennessee State University, 2012.
KOTLER, P.; KARTAJAYA, H.; SETIAWAN, I. Marketing 4.0: do tradicional ao digital. Rio de Janeiro: Sextante, 2017.
THOMPSON, J. B. A mídia e a modernidade: uma teoria social da mídia. Petrópolis: Vozes, 1998.
Texto extraído da minha dissertação de mestrado, concluída em março de 2021.
FONTES, C. L. A.
Rituais de consumo e mascotes: um estudo do movimento dos significados na perspectiva experiencial do consumidor./ Claudio Luiz Ariani Fontes. — Salvador: Unifacs, 2021.
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