Mascotes e Souvenirs Olímpicos.
- Claudio Luiz Ariani Fontes
- 30 de ago. de 2021
- 3 min de leitura
Atualizado: 8 de nov. de 2024
Os benefícios da inter-relação entre mascotes e souvenirs olímpicos para o desenvolvimento local.

As mascotes e os souvenirs olímpicos desempenham um papel significativo no fortalecimento das relações culturais e sociais entre o evento e o público e se apresentam como uma forma materializada das identidades e memórias associadas aos Jogos Olímpicos. As mascotes, ao serem transformadas em souvenirs, proporcionam aos consumidores a possibilidade de levar para casa um fragmento da experiência olímpica, além de estabelecer um vínculo duradouro entre o evento e as localidades anfitriãs. Essa dinamicidade é evidente na popularidade de itens como pelúcias, estatuetas e chaveiros, que representam a mascote oficial dos Jogos e, ao mesmo tempo, promovem a cultura local e os valores associados ao evento.
Os souvenirs com mascotes olímpicas transcendem a mera condição de objetos de consumo e passam a atuar como portadores de significados culturais que podem mobilizar a identidade e o sentimento de pertencimento tanto dos habitantes locais quanto dos visitantes. McCracken (2010) enfatiza que esses objetos de consumo incorporam valores culturais que são internalizados pelos consumidores, além de promover uma troca de significados. Durante os Jogos de Londres 2012, por exemplo, a mascote Wenlock foi amplamente distribuída em diversos formatos de souvenir e se consolidou como um símbolo da cultura britânica e um marcador de recordação para os visitantes. Esses souvenirs materializam as memórias e reforçam laços emocionais e culturais que perduram além do evento.
Ao explorar os aspectos experienciais proporcionados pelas mascotes, observa-se que a aquisição de souvenirs transcende a materialidade e ingressa em um domínio de experiências e memórias que fortalece a conexão entre o consumidor e a cultura local. Gordon (1986) e Schmitt (1999) argumentam que os souvenirs são elementos que evocam recordações e experiências sensoriais, intensificadas pela presença de mascotes antropomorfizadas. No contexto dos Jogos Olímpicos, essas mascotes funcionam como símbolos de celebração cultural e esportiva, além de reforçar aspectos locais e despertar sentimentos de saudade e identidade nacional entre aqueles que participaram ou assistiram ao evento.
Adicionalmente, os souvenirs olímpicos promovem o desenvolvimento econômico local. Segundo Machado e Siqueira (2008), o comércio de souvenirs, incluindo as mascotes, representa uma fonte de renda significativa para pequenos e médios comerciantes, que se beneficiam do aumento da demanda durante os Jogos. Em eventos de grande porte, como as Olimpíadas, esse mercado de lembranças contribui para a dinamização da economia local, proporcionando oportunidades de emprego e renda temporária para a população, além de fomentar o turismo. Assim, as mascotes e os souvenirs não apenas impulsionam o comércio local, mas também contribuem para a promoção cultural do destino.
Um aspecto relevante na análise do marketing esportivo é a utilização das mascotes como ferramenta estratégica para fomentar o consumo de produtos culturais e esportivos. Conforme sugerido por Perez (2011), as mascotes, ao serem incorporadas em diversos tipos de produtos, promovem um vínculo afetivo com os consumidores e se transformam em instrumentos relevantes para a promoção de marcas e valores olímpicos. Essa abordagem também favorece a difusão de uma imagem positiva e de pertencimento ao evento, visto que cada mascote incorpora elementos que representam a cidade-sede e seus respectivos valores com o propósito de estabelecer uma conexão entre o consumidor, o evento e o local que o acolhe.
Ademais, a mascote olímpica e os souvenirs exercem um papel significativo na circulação de significados culturais entre os consumidores por contribuírem para a construção de uma narrativa que perdura mesmo após a conclusão dos jogos. Essas recordações perpetuam memórias e reforçam os vínculos culturais entre o evento e a comunidade ao estimular um diálogo simbólico que valoriza a identidade local e ressignifica a experiência esportiva no imaginário dos consumidores. Assim, as mascotes e seus souvenirs emergem como uma interseção entre consumo e cultura e destacam-se como elementos que enriquecem a experiência olímpica e contribuem para o desenvolvimento e a valorização dos destinos turísticos olímpicos.
Referências:
GORDON, B. The souvenir: messenger of the extraordinary. Journal of Popular Culture, v. 20, n. 3, p. 135-146, 1986.
MACHADO, P. D. S.; SIQUEIRA, E. D. Turismo, consumo e cultura: significados e usos sociais do suvenir em Petrópolis-RJ. Revista Contemporânea, v. 6, n. 1, p. 2–18, 2008.
McCRACKEN, G. Cultura e consumo: novas abordagens ao caráter simbólico dos bens e das atividades de consumo. Rio de Janeiro: Mauad, 2010.
PEREZ, C. Mascotes: semiótica da vida imaginária. São Paulo: Cengage Learning, 2011.
SCHMITT, B. Experiential marketing. Journal of Marketing Management, v. 15, n. 1–3, p. 53–67, abr. 1999.
Texto extraído da minha dissertação de mestrado, concluída em março de 2021.
FONTES, C. L. A.
Rituais de consumo e mascotes: um estudo do movimento dos significados na perspectiva experiencial do consumidor./ Claudio Luiz Ariani Fontes. — Salvador: Unifacs, 2021.
Comentarios